Estudo inovador da UFTM para diagnóstico de pacientes com Leishmaniose é aprovado por revista científica internacional
Um artigo que propõe um método de diagnóstico eficiente e acessível para a Leishmaniose (doença tropical negligenciada que afeta milhões de pessoas em todo o mundo), intitulado “A comparative study of graphene-based electrodes for electrochemical detection of visceral leishmaniasis in symptomatic and asymptomatic patients”, foi aprovado para publicação na revista científica de renome internacional Talanta Open, que se encontra no link: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2666831924000535.
Essa pesquisa que envolveu a utilização de um imunossensor eletroquímico foi executada pela doutoranda Beatriz Rodrigues Martins, pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Fisiológicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, e por Cristhianne Molinero Andrade Ratkevicius, pós-doutora que auxiliou em toda execução do trabalho.
“Acreditamos que essa descoberta tem o potencial de transformar significativamente a vida de milhões de pessoas, especialmente em áreas com recursos limitados. O método que desenvolvemos oferece uma alternativa mais rápida, precisa e barata aos métodos tradicionais de diagnóstico da Leishmaniose, que muitas vezes são inacessíveis ou apresentam resultados inconsistentes”, comentou a doutoranda Beatriz Martins.
Origem da pesquisa
A história do imunossensor eletroquímico para o diagnóstico da Leishmaniose Visceral Humana teve início em 2017, quando a então discente Beatriz Rodrigues Martins ingressou no mestrado da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). No trabalho desenvolvido durante o mestrado, foi demonstrada a possível via de detecção da doença em pacientes sintomáticos. No doutorado da aluna, a equipe de trabalho se propôs a um desafio ainda maior: detectar a Leishmaniose Visceral Humana em pacientes assintomáticos.
A Leishmaniose é uma doença parasitária devastadora, de difícil controle, e poucos investimentos. Partindo dessa premissa, a pesquisadora Beatriz Rodrigues Martins, observou uma demanda de saúde pública e começou a aprimorar seus estudos para criar uma ferramenta que facilitasse o diagnóstico precoce e, dessa forma, ajudar a salvar vidas combatendo essa enfermidade. Em busca de obter os conhecimentos necessários para desenvolvimento inicial deste diagnóstico, Beatriz contou com o apoio e orientação dos professores onde realizava o seu trabalho. Também recebeu suporte da doutora Cristhianne Molinero Andrade Ratkevicius.
O desenvolvimento do imunossensor eletroquímico foi fruto de uma pesquisa colaborativa realizada no Laboratório de Imunologia da UFTM, sob a supervisão dos professores Virmondes Rodrigues Júnior (ICBN) e Renata Pereira Alves (campus Iturama), além de contar com o apoio dos Programas de Pós-graduação da Instituição em que a equipe está vinculada e de diversas agências de fomento, como o CNPq e a CAPES, que financiaram o projeto e concederam bolsas de estudo aos pesquisadores.
O financiamento do CNPq através do projeto aprovado Chamada CNPq/ MCTIC/SEMPI Nº 01/2020 - Grafeno e as bolsas concedidas pela CAPES e pelo CNPq permitiram a manutenção de equipamentos, compra de materiais de laboratório e a contratação de bolsistas, garantindo o desenvolvimento do imunossensor eletroquímico.
Essa pesquisa irá continuar no projeto de pós-doutorado de Beatriz, já aprovado pelo CNPq, e a defesa do doutorado no Programa de Pós-graduação em Ciências Fisiológicas ocorrerá em meados de agosto de 2024.
O panorama atual e o novo horizonte
Atualmente, os métodos tradicionais de diagnóstico da Leishmaniose, como a biopsia de medula óssea e a aspiração de gânglio linfático, são demorados, dolorosos e invasivos. Além disso, as pesquisadoras afirmam que a interpretação dos resultados por especialistas nem sempre é fácil, o que pode levar a atrasos no diagnóstico e tratamento da doença.
A pesquisa sobre o imunossensor eletroquímico surge como uma alternativa promissora para o diagnóstico da Leishmaniose. Essa tecnologia inovadora aponta uma série de vantagens:
- Rapidez:O teste pode ser realizado em apenas alguns minutos, permitindo um diagnóstico rápido e eficiente.
- Precisão:O imunossensor apresenta alta sensibilidade e especificidade, garantindo resultados confiáveis.
- Facilidade de uso:O teste é simples de realizar, não exigindo equipamentos complexos ou mão de obra especializada.
- Acessibilidade:O custo de produção do imunossensor é relativamente baixo, o que o torna mais acessível à população em geral.
As pesquisadoras explicam que ainda é cedo para determinar com precisão quando o imunossensor eletroquímico estará disponível para a população em geral. No entanto, o sucesso da pesquisa e a publicação na Talanta Open abrem caminho para a validação clínica e comercialização do produto.
“Mas a implementação deste diagnóstico se faz mais urgente e relevante ao avaliar os anticorpos contra o parasito em possíveis doadores de sangue em zonas endêmicas que são portadores assintomáticos, perpetuando com grande velocidade a transmissão da infecção. Assim, em um futuro e durante o meu pós-doutorado, a pesquisa continuará visando que o imunossensor diagnóstico seja tão acessível aos pacientes do SUS, quanto o glicosímetro (um biossensor mais conhecido pela população geral)”, destacou Beatriz.
A história do imunossensor eletroquímico demonstra a importância da colaboração entre pesquisadores, universidades e agências de fomento para o desenvolvimento de novas tecnologias que impactam positivamente a vida das pessoas. “O investimento em pesquisa é fundamental para encontrar soluções inovadoras para os desafios da saúde pública, como a Leishmaniose. Juntos, podemos construir um futuro com um diagnóstico mais precoce e preciso da doença tropical, salvando vidas e promovendo a saúde pública”, concluiu.
Imagens: Divulgação/UFTM
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