Projeto de horta agroecológica contribui com merenda escolar em Sacramento
Imagine chegar em uma escola com 240 alunos do ensino fundamental e encontrar a produção da horta comunitária sem cuidado adequado para aplicação de agrotóxicos? Essa foi uma das preocupações que levaram uma equipe do curso de Licenciatura em Educação do Campo da UFTM a desenvolver o projeto de extensão universitária Horta Agroecológica na Escola Municipal Dona Maria Sant'Ana, no povoado de Quenta Sol, município de Sacramento. A escola recebe estudantes de várias comunidades vizinhas como Sete Voltas, Pinheiros, Desemboque, Santa Bárbara, Olhos d’água e Bananal. O projeto conta com duas alunas da graduação, Edilene Resende, bolsista, e Daucileli Garcia, voluntária, ambas moradoras das comunidades atendidas pela escola. O professor Rodrigo Crepalde é o coordenador do projeto e a professora Daniele Cristina de Souza é a vice-coordenadora. O órgão financiador é a Pró-reitoria de Extensão Universitária da UFTM.
No primeiro momento, a equipe da UFTM levantou as melhores variedades de hortaliças para o plantio, época do ano, solo, possíveis pragas, medidas agroecológicas sem custos, dentre outras. Após essa etapa inicial, foi organizada a coleta de doações de matérias-primas para construção da horta, como estercos, sementes e mudas e, em seguida, iniciou-se a etapa de construção. De forma integrada com a professora de ciências, foram construídos momentos de ensino-aprendizagem relacionados às práticas agroecológicas por meio de discussões em sala de aula, exibição de filme, visita e construção de canteiros da horta por parte dos alunos do ensino fundamental.
Também foram desenvolvidos dois plantios com rotação de cultivo de variadas espécies: alface, brócolis, repolho, chuchu, beterraba, bálsamo, arruda, erva-cidreira, cebolinha, jiló, pimenta, rúcula, couve e couve-flor. A cada colheita, as hortaliças são distribuídas para a cantina da escola e são incorporadas na merenda.
"Acreditamos que por meio da horta agroecológica possamos promover o resgate dos conhecimentos relativos ao cultivo da terra, o diálogo entre os saberes científico e tradicional, a reflexão sobre a alimentação livre de agrotóxicos e o engajamento teórico-prático da comunidade escolar em torno de uma atividade extencionista, assim, aproximando universidade e escola", afirmou o professor Crepalde.
Resultados
Com relação aos trabalhos na horta, as hortaliças não desenvolveram nenhum tipo de praga. "Pelo contrário, estão com ótimo desenvolvimento sem o uso de defensivos químicos e apenas com o uso de adubo orgânico e o manejo periódico. Os resultados em sala de aula foram bem satisfatórios, os alunos estão interagindo bem com os estudos, com excelente participação", explicou o coordenador do projeto.
Edilene apreciou a dedicação dos alunos do povoado. "Eles foram conosco para horta, ajudaram a preparar canteiros, colocaram esterco fermentado na terra para que esta ficasse preparada de modo natural para receber as mudas adequadamente, semearam e plantaram. O projeto foi um trabalho de muito aprendizado e prática concreta de interdisciplinaridade com os alunos do oitavo ano”.
Daucileli comemora a melhora na alimentação da comunidade. “Nós resolvemos escrever um projeto para a escola, pois a horta existente não recebia um cuidado adequado. Na comunidade há um uso abusivo de agrotóxicos. Conseguimos contribuir quanto à conscientização dos malefícios do uso desses agroquímicos e apontar caminhos alternativos para uma alimentação saudável a partir de práticas agroecológicas. Todos alimentos produzidos na horta foram destinados à merenda escolar”.
Fotos: Divulgação/UFTM
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